A organização humana não é uma maquina.

Entender a organização humana como uma metáfora da mecânica de uma maquina não se sustenta. Os movimentos mecânicos são todos reversíveis, isto é, podem decorrer de trás para frente: uma bola que rola rampa abaixo, acelerada, poderia rolar para cima, desacelerada, se assim fosse lançada. Só quando aparece um processo irreversível, onde há produção de calor, a coisa fica óbvia: um homem que salta do trampolim e cai numa piscina não pode voltar para cima, pois, quando cai na água, sua energia mecânica (de movimento) desaparece para dar lugar a pequenos movimentos desordenados da água, e a calor, e este processo é irreversível. Uma xícara de café quente colocada sobre a mesa perde calor até que sua temperatura se iguale à do ar circundante. Nunca ocorre o inverso uma xícara de café frio sobre a mesa não se aquece espontaneamente, retirando calor do ar em volta. Os movimentos organizacionais são, por natureza, desordenados, mais se assemelhando aos fenômenos de transferência de energia térmica sob a forma de calor, que consiste na soma das energias de movimento desordenado de bilhões de átomos. Já a energia de movimento de uma bola que rola, como citado acima, é soma de energias de movimento ordenado de muitos e muitos átomos. Nos dois casos, são os movimentos dos átomos que detêm (armazenam) a energia, mas num caso todos se movem em conjunto, coordenados, quando o corpo todo se move, e noutro caso cada átomo se move em uma direção diferente, com velocidade diferente e mudando rapidamente. A figura abaixo ilustra perfeitamente o segundo caso:

Transferir energia é um tema central ao estudarem-se os processos de mudança. Na natureza orgânica, os movimentos desordenados correspondem à desintegração da matéria (alimento) e consequente apodrecimento. Na natureza organizacional, movimentos desordenados também fazem apodrecer os sistemas.